o futuro
Era um rapaz brilhante, mas como o sol e as estelas brilhava no mesmo sítio e da mesma forma. Diariamente. Era como a certeza do pendulo do relógio, mostra a passagem do tempo, mas nunca muda, nada altera. Fechava-se num quarto e programava. Era pelo menos o que pensava. Programava personagens que se moviam num ambiente hostil e se guerreavam com armas de vários calibres e formas. As cores eram berrantes. Era tudo um jogo. Recebia mensagens de louvor, virtuais como gostava. Assépticas. Já não tinha a noção do cheiro de outro ser humano, nem dos sons. Os sons com que lidava eram metálicos, desenvolvidos através do protocolo XPQS5 para os jogadores saberem que eram humanoides. O quarto em que passava os dias e as noites inseria-se numT1 onde se instalara num bairro inacabado de um sonho de riqueza que morrera na praia. Comprara-o na net e conseguira um preço extraordinário, sobretudo porque comprara em conjunto com outros dois, de outros tantos amigos. Amigos na versão facebookiana. Pessoas que tinham um avatar como foto de “perfil”. Eliminara o relógio e a data do computador, tinha de ter o controlo do tempo. Não sabia que ia para cinco anos que não via uma pessoa “ao vivo”. Bem tivera um contacto breve com um canalizador que viera desentupir o lavaliças, mas fora coisa de pouco mais de 15 minutos.
Encomendava comida que lhe deixavam à porta.
Veio-lhe à ideia que o futuro do mundo teria de ser aquele, cada um a viver para si, sem conflitos, estava certo que conseguiriam acabar com os conflitos numa geração